Lembro algumas que minha mãe contava, por sua vez contadas a ela por um tio que não conheci, as estórias de dormir, as de aventuras, as de fantasia. Depois Alice, que caiu no oco de uma arvore, João e um pe de feijão que crescia ate o céu, milhões delas. Mais tarde experimentava a mesma sensação ao saber de Tróia, ou do Minotauro, e sempre das Mil e Uma Noites. Esse prazer juvenil que sentimos ao ouvir narrações de estórias foi muito bem aproveitado pelo cinema norte-americano, sendo parte do magnetismo que este exerce sobre as multidões do planeta.

Mas há uma classe de estórias que também nos fascina de outra forma. Por exemplo, por ocasião dos 450 anos de São Paulo foram realizados concursos para levantar estórias da memória dos bairros, e surgiram depoimentos incríveis sobre curiosidades do passado da cidade. Há a oralidade dos depoimentos e este componente literário que são as memórias das famílias. Ali se contam "causos" que, pela distancia no tempo ou pelo testemunho da intimidade de uma família ou grupo social, nos revelam detalhes de vidas passadas, presentes, eternas. `As vezes estão escritos em diários que a família conserva orgulhosa. `As vezes, no caso de escritores falando de suas referencias familiares, combinam os relatos de seu tempo com a paixão pela escrita, pela forma literária, para fortuna dos leitores.

Muitas destas curiosidades se referem `a própria origem das famílias. Quando editamos o Dicionário das Famílias Brasileiras, ficamos maravilhados com os detalhes do passado de tantos nomes e sobrenomes. Há todo um tesouro guardado nos relatos literários com suas reminiscências pessoais e familiares. Na Arvore da Terra Comunicação em Ações Culturais, por exemplo, mesmo com o corre-corre do cotidiano, não resistimos `a tentação de parar para escutar estórias quando alguém da equipe ou algum visitante ilustre tem algo interessante para contar. Algumas delas foram ate parar em nossos livros...

Confira aqui os livros da quinzena: Frutos Raizes ; O Lagarto e a Rosa ; Alice de Higienópolis